Aqui. Nessa gaveta. Minha gaveta. Em um armário. Possivelmente, atrás de uma porta. Minha casa.


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mímesis

conforme for já estou

conformado

uniforme uniformizado

esperando um

tapa de

pés firmes no chão

e dele não largo


mesmo que esse barulho todo

inventivo seja trilha sonora

acredito em troca-la

por uma outra personagem

que não canta

- mas deveria cantar -

que é gestual


então agarrado nesse copo

fundo de infinito

servido de realidade

eu não poupo os limites

de um gole

e me enfio nessas verdades muitas vezes

minhas irreais

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Somente

divagas

nas vagas de tempo dos laboriosos dias

no vácuo de um copo vazio que a pouco servia café

na vislumbrante transparência de uma vitrine

nas cores que o sol jogado ao chão ganha

ao quedar contra o vitral colorido de uma igreja


divagas

sem querer a todo instante

erras na própria cabeça

te desligas de tudo


tristeza

angustia


dois pães na cozinha endurecem esquecidos

tua fome se apresenta

outra insaciável



enquanto tua loucura te engole

todos os teus inimigos se tornam

um

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Quem trás a mudança nas estações

O quente do sul

Se perde no deserto

No inverno da solidão


Espero


Espero pelo verão de tuas dobras

Que vão me aquecer no frio das

Próximas estações


Espero enquanto me esqueço no constante plano

No plano das planícies de onde sou

Na mesmice da rigorosa paisagem em horizontal que

Não muda e nos joga em devaneio

Não muda enquanto não tem tua presença


Então fico esperando

Jogado nessa estação

Queimando

No frio da solidão