Aqui. Nessa gaveta. Minha gaveta. Em um armário. Possivelmente, atrás de uma porta. Minha casa.


sábado, 23 de julho de 2011

Olho

Olho um olho no espelho

Que viu que eu olho

E me olhou interessado


Dizem


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Não importa que falem
Proclamem, afirmem
De forma vazia.

Não importa que tentem
Com essas palavras
Conhecer-te um dia.

Ou que delas tenham conhecido
Num fingimento desmedido.

Verdade:
Não importam palavras
Dissimuladas, mentiras,
Bajulações Interesseiras desonestas
Frívolas e fugazes, olhares,
Que existem ou existiram.

Não me importa
O que não tenha saído da minha boca.
Não me importa isso tudo que não compartilho.

O louco desejo burro: desperdício.

Me importa que tenha sido isso,
descomprometido;
Que terno e honesto eu ainda não tenha visto,
Que talvez não exista.
Que a culpa possa ser dividida.

Me importa, sim!
Que estou aqui mas não faço parte.
Uso dos mesmos segundos
Mas conto a hora de outra maneira.

Me importa que seja louco,
Não por ser louco, mas
Por querer ser outro
- ainda sendo eu.

Me importa que julguem
Com tanta leviandade
Teus momentos,
Que tão admiráveis
Nada têm de ordinários.

Me importa que sou verdade,
Penumbra e claridade;
Que tenha dito e continue dizendo
O que todos dizem incertos.

domingo, 26 de junho de 2011

Azáfama

Tuas palavras estão fora
De lugar como se
A culpa minha fosse
O tempo já se fosse

Pois eu digo
Meu intento
Muito intenso
Mesmo imenso que
Dias passarão
Passados continuarão
Futuro
um só
Se perderá num dia

Quem então é aquele
Que roeu a gola das camisetas
Bagunçou a casa e
Sujou as mãos

A culpa
É uma dessas
Muito mais mansa
que mansas folhas secas de outono

É dessas aquelas que rapidamente sobem
E lentamente descem com o vento
Invisível

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mímesis

conforme for já estou

conformado

uniforme uniformizado

esperando um

tapa de

pés firmes no chão

e dele não largo


mesmo que esse barulho todo

inventivo seja trilha sonora

acredito em troca-la

por uma outra personagem

que não canta

- mas deveria cantar -

que é gestual


então agarrado nesse copo

fundo de infinito

servido de realidade

eu não poupo os limites

de um gole

e me enfio nessas verdades muitas vezes

minhas irreais

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Somente

divagas

nas vagas de tempo dos laboriosos dias

no vácuo de um copo vazio que a pouco servia café

na vislumbrante transparência de uma vitrine

nas cores que o sol jogado ao chão ganha

ao quedar contra o vitral colorido de uma igreja


divagas

sem querer a todo instante

erras na própria cabeça

te desligas de tudo


tristeza

angustia


dois pães na cozinha endurecem esquecidos

tua fome se apresenta

outra insaciável



enquanto tua loucura te engole

todos os teus inimigos se tornam

um

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Quem trás a mudança nas estações

O quente do sul

Se perde no deserto

No inverno da solidão


Espero


Espero pelo verão de tuas dobras

Que vão me aquecer no frio das

Próximas estações


Espero enquanto me esqueço no constante plano

No plano das planícies de onde sou

Na mesmice da rigorosa paisagem em horizontal que

Não muda e nos joga em devaneio

Não muda enquanto não tem tua presença


Então fico esperando

Jogado nessa estação

Queimando

No frio da solidão