Olho um olho no espelho
Que viu que eu olho
E me olhou interessado
conformado
uniforme uniformizado
esperando um
tapa de
pés firmes no chão
e dele não largo
mesmo que esse barulho todo
inventivo seja trilha sonora
acredito em troca-la
por uma outra personagem
que não canta
- mas deveria cantar -
que é gestual
então agarrado nesse copo
fundo de infinito
servido de realidade
eu não poupo os limites
de um gole
e me enfio nessas verdades muitas vezes
minhas irreais
divagas
nas vagas de tempo dos laboriosos dias
no vácuo de um copo vazio que a pouco servia café
na vislumbrante transparência de uma vitrine
nas cores que o sol jogado ao chão ganha
ao quedar contra o vitral colorido de uma igreja
divagas
sem querer a todo instante
erras na própria cabeça
te desligas de tudo
tristeza
angustia
dois pães na cozinha endurecem esquecidos
tua fome se apresenta
outra insaciável
enquanto tua loucura te engole
todos os teus inimigos se tornam
um
O quente do sul
Se perde no deserto
No inverno da solidão
Espero
Espero pelo verão de tuas dobras
Que vão me aquecer no frio das
Próximas estações
Espero enquanto me esqueço no constante plano
No plano das planícies de onde sou
Na mesmice da rigorosa paisagem em horizontal que
Não muda e nos joga em devaneio
Não muda enquanto não tem tua presença
Então fico esperando
Jogado nessa estação
Queimando
No frio da solidão